Elynalia Lima – 11h03min
Marky Brito
Arlene Pessoa
Em abril, segundo a pesquisa dos custos das cestas básicas em Rio Branco realizada pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), houve leve redução do valor da cesta de alimentação (-0,87%), com aumento nos preços das cestas de limpeza doméstica (1,89%) e higiene pessoal (0,17%), quando comparadas ao custo das cestas em março.
Os dados foram coletados em 71 estabelecimentos comerciais, 3 a mais que no início da pesquisa feita em dezembro de 2021. Os estabelecimentos são compostos por mercados varejistas de grande, médio e pequeno porte, açougues e panificadoras, distribuídos em 40 bairros de Rio Branco.
O custo total da cesta básica alimentar para um indivíduo foi de R$ 502,08, uma queda de -0,87% em relação a março, conforme tabela abaixo. Houve redução de preços em cinco itens da cesta, sendo na banana o mais expressivo (-19,22%), seguido pela mandioca (-1,59%), farinha de mandioca (-0,63%), açúcar (-0,49) e o pão (-0,32%). Os demais produtos apresentaram alta, com destaque foi para o leite (8,20%).
Em abril, o leite foi o item com maior percentual de aumento de preço, cerca de 8,20% em relação a março, enquanto que a banana (-19,22%) e a mandioca (-1,59%) foram os itens que mais apresentaram queda.
O número de horas de trabalho necessário para um trabalhador adquirir os produtos da cesta básica alimentar foi de aproximadamente 91 horas e 8 minutos, cerca de 47 minutos a menos em relação ao tempo necessário medido em março.
Já o custo total da cesta básica de limpeza doméstica foi de R$ 61,10, uma variação de 1,89% em relação a março, conforme tabela a seguir. Sete produtos sofreram alta, sendo destaque o item sabão em pó, que apresentou variação positiva de 5,05%, seguido pela cera para assoalho (4,05%), esponja de aço (3,86%) e sabão em barra (3,16%). Os itens desinfetante e vassoura piaçava registraram decréscimo de -5,47% e -0,28 %, respectivamente.
Para adquirir uma cesta básica de limpeza doméstica um trabalhador terá que trabalhar aproximadamente 11 horas e 5 minutos, o que representa 12 minutos a mais quando comparado com mês de março/2022.
Já o custo total da cesta básica de higiene pessoal para um indivíduo foi de R$ 20,68, um pequeno aumento de 0,17% em relação ao mês de março de 2022. Em relação a março, houve elevação nos preços de três produtos, com destaque para o item creme dental, que registrou variação positiva de 2,12%, seguido pelo sabonete (1,89%) e absorvente (1,76%), conforme tabela abaixo.
A quantidade de horas de trabalho necessária para um trabalhador adquirir uma cesta básica de higiene pessoal foi de aproximadamente 3 horas e 45 minutos, o que representa apenas 1 minuto a mais, quando comparado com o mês de março/2022.
Para comprar as três cestas, em abril um trabalhador comum precisaria trabalhar cerca de 105 horas e 58 minutos.
A participação do valor das três cestas básicas continua significativa no rendimento de um indivíduo que recebia em abril de 2022 um salário mínimo de R$ 1.212,00, sendo de aproximadamente 48,2%, um decréscimo de 0,2% em relação à participação das cestas em março de 2022, conforme o gráfico abaixo.
Para uma família padrão de dois adultos e três crianças foi estimado um gasto mensal de R$ 1.757,28 com a cesta alimentar, R$ 213,85 com a cesta de limpeza doméstica e R$ 72,37 com a cesta de higiene pessoal, totalizando R$ 2.043,51 por mês. Revertendo esse valor em quantidade de salário mínimo necessário para a subsistência dessa família, o custo estimado para aquisição das três cestas em abril de 2022 foi de 1,69 salários mínimos.
Após quatro meses de pesquisa é possível observar a evolução do custo total e de cada cesta para um indivíduo comum. Conforme o gráfico abaixo, entre janeiro e abril o padrão de elevação do custo da cesta alimentar se destaca das demais, que apresentaram estabilidade, aumento e até queda.
A participação do valor das cestas no salário mínimo de um trabalhador também acompanhou o aumento de preços, com destaque para a cesta alimentar, que saiu de 36,77%, em janeiro, para 41,43% em abril, conforme gráfico abaixo. As demais cestas mantiveram leve queda de janeiro para fevereiro, com elevação desse mês para março e, por conseguinte, de março para abril.
A soma da participação das cestas no salário de um trabalhador comum saltou de 43,50% em janeiro para 48,17% em abril, evidenciando a crise oriunda do aumento de preços, principalmente dos alimentos no Brasil e no mundo, agravada pelo início da guerra entre a Ucrânia e Rússia no final de fevereiro.
Porém, apesar do aumento constante, no mês de abril o custo da cesta alimentar em Rio Branco (R$ 502,08) continua abaixo da cesta de Aracaju (R$ 524,99), a mais barata no ranking de 17 capitais elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), referente ainda ao mês de março.
Clique aqui para acessar o Relatório Completo da Pesquisa da Cesta Básica de abril de 2022.
Marky Brito, Engenheiro Florestal (Ufra), Especialista em Gestão de Projetos (FGV), atualmente é chefe do Departamento de Estudos, Pesquisa e Indicadores da Seplag.
Arlene Pessoa, Administradora (Faao), coordenadora da Pesquisa da Cesta Básica no Departamento de Estudos, Pesquisa e Indicadores da Seplag.